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Cometa da Rosetta contém ingredientes da vida

Esta imagem da câmara de navegação da Rosetta mostra o Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e foi obtida no dia 25 de março de 2015 a uma distância de 86,6 km do centro cometário, poucos dias antes de uma passagem rasante que trouxe a Rosetta até cerca de 15 km do cometa. Foi durante este "flyby", no dia 28 de março, que o instrumento ROSINA da Rosetta detetou o aminoácido glicina na atmosfera, ou "cabeleira", do cometa. A cabeleira é constituída por gases e poeira do núcleo do cometa. O gás é libertado à medida que os gelos são gentilmente aquecidos pelo Sol, arrastando partículas de poeira para o espaço. O estudo da composição química da cabeleira dá aos cientistas, portanto, acesso à composição dos materiais há muito tempo preservados dentro do núcleo cometário. A imagem tem uma resolução de 7,4 metros por pixel; esta versão processada e cortada tem 6,9 km de comprimento. Crédito: ESA/Rosetta/NavCamA sonda Rosetta, que estuda o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko há já quase dois anos, descobriu  ingredientes neste cometa considerados fundamentais para a origem da vida na Terra, como o aminoácido glicina, normalmente encontrado em proteínas, e o fósforo, um componente chave do ADN e das membranas celulares.

Os cientistas há muito tempo que debatem a possibilidade da água e das moléculas orgânicas terem sido trazidas por asteroides e cometas até à jovem Terra depois da sua formação, fornecendo alguns dos blocos de construção para a origem da vida. Embora já se conheçam alguns cometas e asteroides com água numa composição parecida às dos oceanos da Terra, a Rosetta encontrou uma diferença significativa no seu cometa de estudo.

No entanto, a Rosetta devolveu agora deteções diretas e repetidas de da presença de glicina, o aminoácido mais simples, na atmosfera difusa, ou "cabeleira", do seu cometa, confirmando pistas, anteriormente já enviadas para a Terra em 2006 a partir do cometa Wild-2, pela missão Stardust da NASA, mas que se suspeitava de possível contaminação terrestre das amostras.

"Esta é a primeira deteção inequívoca de glicina num cometa," afirma Kathrin Altwegg, investigadora principal do instrumento ROSINA que fez as medições, e autora principal do artigo publicado na revista Science Advances a semana passada. "Ao mesmo tempo, nós também detetámos algumas outras moléculas orgânicas que podem ser percursores da glicina, sugerindo várias maneiras possíveis para a sua formação."

Os aminoácidos são compostos orgânicos biologicamente importantes que contêm carbono, oxigénio, hidrogénio e azoto, e formam a base das proteínas.

O instrumento ROSINA-DFMS, a bordo da Rosetta, detetou ingredientes considerados importantes para a vida como a conhecemos na Terra, na cabeleira do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Uma deteção importante foi a do aminoácido simples glicina (topo, C2H5NO2), um composto orgânico biologicamente importante e normalmente encontrado nas proteínas. O fósforo foi também detetado (em baixo, P), um elemento-chave em todos os organismos vivos. Pode ser encontrado no ADN e no ARN, nas membranas das células e no tritosfato de adenosina (ATP), que transporta energia química dentro das células para o metabolismo. A variedade de moléculas orgânicas identificadas pela Rosetta confirma a nossa ideia de que os cometas têm o potencial para entregar moléculas-chave para a química pré-biótica da Terra. Crédito: sonda - ESA/ATG medialab; Cometa - ESA/Rosetta/NavCam; dados - Altwegg et al. (2016) (clique na imagem para ver versão maior)

Fonte e notícia completa em: Centro de Ciência Viva do Algarve

Data: 01-06-2016